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Na Moral…

Ficaram pendentes algumas respostas!

Participação (ago/2012) de

Rosana, Maria, Ricardo e Marcelo no Programa “Na Moral”

Fizemos aqui uma breve coletânea de opiniões sobre temas apresentados no programa “Na Moral” e algumas das muitas perguntas que gostaríamos de ter respondido e não tivemos a oportunidade ou tempo.

  1. Pra vocês o que é traição?
    Traição é não cumprir o que se promete, tão importante quanto isso é não prometer o que não se pode cumprir. Para nós existe traição. O que não existe é a promessa de exclusividade sexual e afetiva.
    A mentira é um problemão, principalmente quando se trata de pessoas que amamos. É algo que não pode ser considerado banal.
    Fazemos coro com Regina Navarro Lins afirmando que variar de parceiro não quer dizer falta de amor ou infelicidade com o parceiro atual. O que você deve se perguntar é se sente-se amado e desejado em sua relação. O que seu parceiro faz quando não está com você, não deveria incomodá-lo.
    Se você não se sente amada(o) e desejada(o), sua relação já tem um problema, e pode acabar mesmo que não haja uma terceira pessoa envolvida.
  1. Vocês acreditam em fidelidade?
    O termo mais apropriado para nós é “lealdade”, esta é a base de uma Relação Livre.
    Fidelidade lembra-nos o aspecto de servidão.
  1. Para vocês o que é exatamente ser “livre”?
    Livre não é quem faz tudo o que quer, não há ninguém assim. Liberdade não é algo abstrato, liberdade é um processo de ruptura com uma opressão específica. Você liberta-se quando faz o que acha que deve fazer (ética), e não o que um padrão social opressor diz que você deveria ter feito. Nós nos libertamos do tabu da monogamia.
  1. A final, vocês são um casal ou não?
    Somos livres, não “SOMOS” um casal, mas podemos ou não “ESTAR” em casais (um, dois, três ou vários).
  1. O que vocês acham do caso do Mr. Catra?
    Igualdade de direitos é um valor inegociável para nós. O caso dele não tem nada a ver com o que vivemos.
  1. Não é muito radical ser contra o casamento se tem pessoas que são felizes assim?
    O casamento não é um casal apaixonado. O casamento monogâmico é uma instituição, uma normativa social que diz “NÃO PODERÁS TER MAIS DE UM PARCEIRO SEXUAL E/OU AFETIVO”. Somos contra esta imposição social.
    As pessoas podem ser felizes em pares, trios, vivendo em comunidades afetivas ou sozinha, mas sua felicidade não tem nada a ver com o contrato de exclusividade sexual do casamento.
    Existirem pessoas que são casadas e felizes não invalida a nossa opinião de que o casamento não corresponde as necessidades da vida afetiva e sexual.
  1. Mas aí ninguém passou dos 30 anos. Isso não seria apenas uma fase da juventude?
    Na nossa rede temos pessoas com idades que superam os 60 anos. Algumas tem vida não-monogâmica desde jovens, outras com 30, 40, 50 anos, nos procuram após sucessivos casamentos frustrados. Há em nossa rede casais que mantém Relações Livres que já duram mais de 15 anos e também solteiros buscando uma primeira RLi.
  1. Vocês se apaixonam?
    Claro que podemos nos apaixonar, isso não é problema para nós, os monogâmicos é que tem motivos para ter medo, porque para eles a paixão está associada a perda de liberdade ou ao fim de um outra relação consolidada. Nós nos apaixonamos e não descartamos as pessoas que já fazem parte de nossa vida por isso. Apenas não negociamos nossa liberdade individual com as pessoas com as quais já temos uma relação.
  1. Qual a diferença entre um RLi e um adúltero monogâmico?
    Nos diferenciamos pela necessidade de romper com a hipocrisia, muito mais do que pela capacidade de ter envolvimentos múltiplos. Não sentimos culpa ao ter uma outra relação paralela, nem começamos a procurar defeitos em nossos amores antigos por causa das novas paixões, tão pouco omitimos uma relação da outra.
  1. O que vocês acham do suingue?
    No casamento tradicional, o homem vai prá zona de prostituição e deixa a mulher em casa. O suingue é uma inovação no casamento, independente das contradições pessoais de cada casal. É uma opção válida para quem deseja manter o casamento e torná-lo mais divertido e um pouco mais igualitário.
  1. Então vocês topariam fazer um suingue?
    Sexo é caso de preferência pessoal, cada RLi tem sua resposta. Mas não temos preconceito com esta prática. A questão é se eles topariam, sabendo que somos livres e não estamos restritos ao esquema de casal.
  1. Vocês não tem medo de “perder” a pessoa amada?
    A insegurança e o medo não ajudam a manter uma relação. Qualquer relação pode acabar e isso é inevitável. Se meu parceiro não tem mais interesse em mim, o natural é que não continuemos juntos, não podemos (ou melhor, não devemos) obrigar ninguém a manter-se em uma relação que não deseja.
    “Se um dia ela não gostar mais de mim é por algo entre nós dois, não porque surgiu outra pessoa.”
    Um Rli não precisará escolher entre um parceiro e outro, poderá ficar com ambos, enquanto o interesse permanecer.
  1. E se você perdesse ela? (pergunta feita no programa pelo Hélio de La Penã)
    Qualquer pessoa sofre com o afastamento de alguém querido. Mas como amigos e parceiros, entendemos que cada indivíduo é dono de suas decisões. Como adulto e livre, respeitarei a decisão de outro adulto livre, com maturidade, mesmo que sinta falta daquela relação.
  1. Então vocês fazem sexo a três?
    Sexo é caso de preferencia pessoal, mas não existe tabu para nós quanto a isso. Não temos uma prática sexual indicada para os Rlis. Cada um faz o que desejar.
  1. Para ser um Rli é preciso ter sempre mais de um parceiro?
    Não contabilizamos números de parceiros. Cada indivíduo irá se envolver com quantas pessoas desejar/puder. O cerne de nossa vida é que somos livres, e uma pessoa pode ser livre com um, dois, três… ou nenhum parceiro.
  1. Você ama mais um de seus parceiros? Como os outros se sentem em relação a isso?
    Não vivemos na Poligamia Oriental, onde o marido tem que dividir igualmente seu tempo, amor e dinheiro com todas as esposas. Nós somos livres para organizar nosso nível de envolvimento com cada pessoa, com formas e profundidades distintas. Não “prometemos” igualdade afetiva e sexual, porque compreendemos que as pessoas e suas necessidades são diferentes.
    Podemos ter grandes amores com uns, “casinhos” com outros e amizades coloridas com outros e todos convivem bem com esta “disparidade”.
  1. E como fazem com o ciúme?
    O ciúme é o medo de perder a pessoa amada para outra pessoa/coisa. Normalmente o ciumento preocupa-se em não dividir (em menor ou maior grau), pois o parceiro pode interessar-se por algo/alguém e não retornar mais.
    Quando nos damos conta de que esta “troca” não existe, que o outro só irá terminar a relação se não houver mais interesse e que o convívio com outras pessoas inclusive melhora a relação, o ciúme entra em desuso, perde o sentido. Se eu só irei perder o parceiro quando ele não sentir interesse em mim, não tenho que preocupar-me com os outros.
    O ciúme é como uma roupa que não nos serve mais. Quando temos uma peça de roupa que não nos cabe, tiramos ela de nosso armário. Não ficamos guardando coisas que não servem mais para nossa vida.

Para nos conhecer melhor é imprescindível ler nossa página “ESSENCIAL“.

Além disso temos alguns textos que trabalham questões citadas no programa:

A função perversa dos contos de fadas

Prostituição: Minha opinião para debate.

Eu não quero seu namorado!!!

Variar é bom – Regina Navarro Lins

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O que é Relação sem Vínculo

É a pessoa que rompe sistematicamente a continuidade da relação quando percebe o envolvimento emocional manifesto em si ou no outro.

Dizemos que é uma alergia aguda a monogamia decorrente de experiências negativas como o ciúme, posse, brigas, traições, envolvimentos doentios, decepções, privação do espaço individual. Pode ser decorrente da observação desses conflitos em outras pessoas ou ainda na infância nas relações de adultos próximos a criança.

Estas pessoas em maior ou menor grau fazem uma associação consciente ou não, entre demonstrações de afeto, ou a paixão com as experiências negativas de privação de liberdade. Por isso rompem as relações antes de aprofundar laços, muitas vezes sem dialogar sobre o que de fato não querem: as cobranças associadas a paixão.

Encarrar o sexo com casualidade é uma parte importante de uma vida sexual rica e não a nada de mal em passar um período fazendo apenas sexo casual. Chamamos atenção para quando um trauma emocional, torna a  paixão um tabu, e a pessoa se priva da beleza de novas experiencias amorosas.

Algumas pessoas podem romper essa associação entre apego sentimental e as restrições da monogamia apenas lendo este texto, ou conversando maduramente sobre este tema. A falta de uma alternativa ao modelo tradicional faz com que muitos desacreditem em aprofundar seus vínculos. Há casos em que a pessoa sofre por esta conduta, tenta e não consegue superá-la. Talvez seja hora de buscar apoio.

Para nós, Relações Livres, desaparece completamente esta oposição entre vida de solteiro com sexo livre ou manter uma relação de envolvimento afetivo, que pode estender-se a longo prazo se ambos desejarem.

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A função perversa dos contos de fadas

Ao invés de desenvolver suas próprias capacidades, meninas aprendem a esperar pelo “homem salvador”

Regina Navarro Lins

 
 
 
Pat, engenheira de 34 anos, separada, chegou ao meu consultório e foi logo dizendo: “Não aguento mais ter que arranjar dinheiro para pagar as contas e resolver tudo na minha vida. Estou buscando um marido que me proteja, cuide de mim e me sustente. Minha filha, no seu aniversário de seis anos, pediu uma festa com o tema de Cinderela. Ela até se vestiu dessa forma. Assim é bom, porque ela já vai se acostumando com a ideia de que é importante procurar um homem bem diferente do pai dela, que não tem dinheiro. Quando ficar maior, mesmo que tenha uma profissão, espero que se case com alguém que a proteja e garanta seu sustento.”

Não tenho dúvidas de que os contos de fadas são prejudiciais às crianças. Mas será que pais e professores se dão conta disso? Será que percebem quais tipos de ideias estão passando para as crianças, subliminarmente, por meio desses contos? Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida. Modelos de heroínas românticas, que, ao contrário do que se poderia imaginar, no que diz respeito ao amor, ainda são parecidas com muitas mulheres de hoje. Mas isso não é à toa.

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Neste dia, há 25 anos, morria

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Simone de Beauvoir:

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libertária, feminista e não monogâmica

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“Simone conhece o seu grande amor e parceiro até a morte: Jean Paul Sartre, que ao seu lado criou os alicerces para a filosofia do existencialismo.

A partir do encontro entre os dois, que culmina em uma paixão forte, Sartre e Beauvoir, ao invés de casar, propõem um pacto: ficariam juntos, mas em sua relação não existiria a monogamia e a mentira. Eles acreditavam que precisavam conhecer a fundo a alma da humanidade e que isso requer liberdade e verdade.

Aos 23 anos, Simone de Beauvoir é nomeada professora em Marseille e Sartre é nomeado para o Havre. O casal teria de se separar. Por conta disso, Sartre propõe o casamento para Simone, que recusa, e alega não querer viver sob os ditames hipócritas da sociedade burguesa.

Em 1932, Simone se apaixona por uma de suas alunas, Olga Kosakiewicz, apelidada pelo casal de “a pequena russa”. Sartre volta a viver com Simone, agora com Olga, e passam a ser um triângulo amoro, que logo se tornaria um quarteto com a chegada de um aluno de Sartre: Jacques-Laurent Bost.

Esta não seria a última vez que Sartre e Simone vivenciariam a experiência em triângulos e quartetos bissexuais, tanto é que em muitos lugares eles eram proibidos de entrar, visto que à época eram considerados imorais. A vida de Simone ganha outros contornos quando em 1949 é publicado “O segundo sexo”, que resulta em ataques públicos a sua pessoa. Porém, foi também com este livro que ela alcançou sucesso mundial e foi recorde de vendas.

Simone nunca falou publicamente sobre suas relações homossexuais, mas assumiu nos anos 70 ter feito aborto e abraçou a luta pela causa. Muitos biógrafos dizem que passaram por Simone inúmeras alunas, mas que ela nunca falaria sobre isso por considerar a sociedade ainda muito hipócrita.

O fato é que Simone de Beauvoir deixou vários livros fundamentais para o mundo e, em uma época que tanto se discute sobre a mulher, o corpo e de quem realmente somos enquanto sujeito na sociedade, nunca foi tão atual… Na verdade, Simone ainda é provocadora e atual. E é isso que faz dela um gênio.”

Detalhes em: http://dykerama.uol.com.br/src/

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,,,,Temos na Rede RLi entendimento de que Prostituta e Esposa são duas faces da mesma moeda.
,,,,Mas quero expressar algumas opiniões particulares, algumas delas compartilhadas com outras(os) na RLI.
,,,,Primeiramente deixar claro que quando falo de prostituição me refiro a prática de mulheres e homens maiores de 18 anos, não se aplicando a exploração sexual de menores, crime bárbaro que deve ser punido com rigor e sobre tudo prevenido pelos governos e sociedade civil.
,,,,Fico perplexa quando ouço defesa da abolição da prostituição, defesa de sua criminalização, ou demonstração de preconceito a qualquer trabalhadora do sexo, principalmente quando vinda de alguma mulher, muitas dessas ainda auto proclamam-se feministas dizem defender o direito das mulheres, mas presas a um senso moral onde o ideal ainda é inspirado em Maria ainda rechaçam moralmente as mulheres que vivem uma sexualidade de modo onde a quantidade de parceiros não constitui demérito algum. Através de olhares, intrigas, ou discriminações mais explícitas remontam as medievais fogueiras onde (bruxas) as mulheres tidas como ameaças para sociedade eram exterminadas.
,,,,Pode até ser belo imaginar um mundo sem a necessidade da prostituição, tal como imaginá-lo sem a  necessidade da Polícia e tão utópico quanto.
,,,,Em meu mundo ideal, a Polícia não mais existe, porém no mundo atual defendo uma série de investimentos nela e no combate as desigualdades.
,,,,A prostituição é uma atividade indispensável ao nosso modelo de sociedade e as prostitutas mulheres que possuem os mesmos direitos e merecem ser respeitadas como qualquer mulher.

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Marie Claire publicou uma boa reportagem

com Regina Navarro Lins

intitulado “A monogamia já era” (nov/2011).

Os comentários dos leitores foram polarizados.

E um deles queremos comentar aqui:

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“Fantástico!

Essa mulher é realmente

uma puta à frente do seu tempo!”

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Há mulheres (monogâmicas ou não)

que se apropriam da referência de “puta”

por fetiche auto-erótico nas suas atividades sexuais.

Descontado este uso (que não vamos moralizar),

queremos explicar porque não partilhamos desta noção

na nossa imagem de mulher.

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Toda renovação cultural representada pelo século XX no Ocidente não conseguiu abalar na cultura popular os sólidos e milenares preconceitos religiosos e patriarcais acerca da inferioridade da mulher. Nestas sociedades permanece o deus masculino, onde o exemplo de mulher é a virgem Maria. O sexo, pela simples condição de ser livre  (não conjugal), é acompanhado de horror e promessa de castigo celeste para uma religião que se ergue a partir de sua repressão.

Aqui surge o imaginário da mulher que pode ser ou “santa”, “princesa” (assexuada ou sexualmente rígida para dentro do casamento) ou “puta”, “vagabunda” (que não ostenta os símbolos da castidade, da carência, da ignorância sexual e que não está demarcada na monogamia do casamento cristão ou civil que lhe corresponde). Esta visão de moral religiosa permanece até hoje como uma cultura de base para cristãos e mesmo para a maioria dos ateus; para machistas e mesmo para a maioria das feministas.

A reposição desta cultura nas sociedades atuais dará lugar a um novo discurso da inferioridade feminina, se antes sagrada, agora biológica. E é fácil constatar, nesta mesma tradição, que mesmo a maior parte dos feminismos são cuidadosos para que não se contamine na ideia da “nova mulher” o estatuto da liberdade sexual.

Assim… mesmo hoje, a expressão “puta” está na ponta da língua para se estigmatizar a mulher dona de si, que dá para quem ela quiser.

A noção de “puta” é pois uma agressão monogâmica para a mulher autônoma e livre.

Para nós esta possibilidade é básica, um direito elementar: mulheres podem se dar para quem ou quantos homens (ou mulheres) desejarem.

Autonomia e liberdade não faz da mulher uma puta, senão na moral do casamento. E casamento não rima com liberdade.

Autodeterminação afetiva e sexual é uma possibilidade simples, própria de uma mulher livre.

>> Somos, todas(os) nós, Regina Navarro Lins! <<

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com/watch?

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Pergunta:

“A Rede Relações Livres é muito severa com o casamento. Procede?”

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Resposta:

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Sim.

Digamos com todas as letras: lutamos pelo desaparecimento do casamento.

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E isto como um elemento essencial da luta pela emancipação humana. Desde já apontamos na direção de marcos culturais onde se possa viver, enfim, a possibilidade de ruptura ampla com os limites do casamento.

Vivemos assim.

Desde nossa específica perspectiva, não temos pois nenhuma reforma a fazer no casamento. Porque estamos livres dele. “Casar” e “ser livre” é uma contradição nos próprios termos.

Porquê?

  • Primeiro – O casamento é um contrato impossível: sobre sentimentos futuros!

  • Segundo – Este irrazoável compromisso ganha sobrevida por laços de controle social, principalmente por parte dos amigos e da parentela.

  • Terceiro – porque ele não é uma simples possibilidade, uma opção pessoal entre dois interessados, por mera voluntariedade, mas uma imposição da moral sexual repressiva, representando uma hetero-regulação, já naturalizada desde as primeiras fases da infância.

  • Quarto – porque não nos reivindicamos das Tradições Legais que nos fazem pedir autorização ao Estado para organizar nossa vida sexual e afetiva, mas pela auto-organização social da vida afetiva.

  • Quinto – porque não nos reivindicamos de Costumes Religiosos constituidores dos limites repressivos da vida afetiva e sexual, onde viver a sexualidade em liberdade é sinônimo de degradação moral e social. Nos reivindicamos da liberdade sexual e contra a miséria afetiva da qual derivada necessidade do casamento. Para nós vida sexual e afetividade livre, organizada, deve ser sinônimo de saúde, bem-estar, autonomia pessoal.

       Isto não quer dizer que não admiramos e aplaudimos aqueles que dentro do casamento, desafiam-se ao casamento aberto ou a prática do Swing, entre outros acordos possíveis, rompendo com a acomodação, a hipocrisia, o adultério e a redução da dupla moral.

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Pergunta:

“Há uma contradição e um equívoco de sectarismo na tese RLi. Como pode vocês defenderem “liberdade e diversidade sexual” e ao mesmo tempo excluírem a monogamia como uma forma válida?

Que cabimento tem se opor a pessoas apaixonadas vivendo uma relação a 2?”

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Resposta:

A pergunta se funda em algumas incompreensões de base.

1º – Não somos contra casal apaixonado ou relação a dois;

2º – Compreenda bem isto – monogamia não quer dizer “ter um parceiro sexual”: nós, por exemplo, podemos estar num certo momento sem ninguém e somos livres: não abstêmios. Podemos estar com só uma outra pessoa e somos livres: não monogâmicos. Podemos estar com duas outras pessoas e somos livres: não bígamos.

3º – Não imagine, nem em sonho, que monogamia seja duas pessoas apaixonadas. Monogamia é uma forma estrutural de família que gera um casamento monogâmico que quer dizer uma única coisa: trata-se de uma moral que determina que as pessoas não podem ter mais de uma companhia sexual.

4º – Monogamia e liberdade são incompatíveis. Não doure o cárcere da monogamia escondendo-o atrás da paixão. Assuma que é o casamento monogâmico que mata esta e as novas oportunidades de paixão para o resto de seus dias.

5º – Dizemos e reafirmamos de forma límpida e consciente: somos contra a monogamia. Somos contra a moral que exige que não se possa ter mais que uma companhia afetiva e sexual.

6º – Queremos o fim da miséria monogâmica. Liberdade para amar é incompatível com o número máximo de 1 da monogamia. Não toleramos subnutrição amorosa e carência afetiva; temos múltiplos amores, beijamos com prazer muitas pessoas e nos apaixonamos no plural.

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Carta

Uma carta para reflexão

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mnLamento que você considere que Ele está dividindo o afeto entre nós duas. Quando fazemos uma divisão cada parte envolvida fica com menos(-). Por isso a idéia não é essa. Acredito que os sentimentos podem e devem ser multiplicados e quando isso acontece há uma coisa que a matemática não explica, todas as partes ficam com mais(+).

mmNão sei em que momento você resolveu começar uma competição. Mas peço que não trate quem eu amo como um troféu. Ele merece muito mais do que isso, e você também. Se algum dia ele se colocar na posição de troféu, pode estar certa de que eu não estarei entre as competidoras. (mais…)

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Eu não quero seu namorado!!!

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33Levo a sério minha liberdade e o desejo de me relacionar com quem também seja livre, o que exclui quem tem namoro (fechado) ou casou.

33Quero e faço abertamente a disputa da consciência das pessoas a respeito das relações livres, o que nada tem a ver com desrespeitar as escolhas das pessoas: Está namorando? Casou? Viva as conseqüências da sua escolha: não vou ser eu que vou promover aquela escapadinha.
33Escapadinha é próprio ao mundo da monogamia: retrato da hipocrisia e uma válvula para aliviar a pressão e dar continuidade a relações sufocantes corroídas por vícios e rotinas.

33Não faz diferença se ele é lindo, ou o for pra você, se ele é interresante que bom pra você.
33Mas pra mim não passará de mais um dos bilhões de casos de desperdício. Pois considero contratos de exclusividade desperdício de potencialidades afetiva e sexual para o desenvolvimento da humanidade. Mas essa é apenas a minha opinião.
33Se você está feliz namorando, se está feliz no casamento, que bom pra você. Mais um motivo pra não se preocupar, já que acredita que o amor verdadeiro pressupõe exclusividade. Digo e repito: seu namorado acredita ou afirma acreditar nesse modelo de relação, então não está na minha lista de possibilidades, tem muito homem solteiro no mundo.

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Homofobia

Pergunta:

A semana passada foi tomada pela polêmica do “Kit Guei” do Ministério da Educação.

As Igrejas evangélicas cerraram fileira para derrubar os vídeos que seriam distribuídos para as escolas públicas.

Vocês são favoráveis ao “Kit Guei”?

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Resposta:

Não existe “Kit Guei”.

Este é um preconceito da parte reacionária da ampla coalisão do governo Dilma.

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Os vídeos anti-homofobia refletem a afirmatividade de identidades alternativas (gueis, lébicas, bissexuais, etc). Faz corretamente um enfrentamento à obsessão  hetero-compulsória.

Os vídeos não contém equívocos seja aos nossos olhos, seja diante o movimento dos direitos humanos e diante do debate da sexologia moderna.

Se estes vídeos (vetados por Dilma por alegação de “inadequados”):

  • Forem refeitos do ponto de vista não da afirmatividade das identidades alternativas (já que efetivamente isto não é uma tarefa de Estado), mas pela defesa da diversidade sexual, vai inclusive melhorar o foco da intervenção do MEC.

    Se simplesmente recuar de forma global em benefício dos preconceitos evangélicos e da normatividade heterossexual, cometerá erro.

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Iniciativas

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Reacionárias Contemporâneas

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Emerge a nossa volta um neo-conservadorismo culto

que aparece justificando todos os componentes culturais

presentes em nosso ambiente, em nome da diversidade!

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E ele pede, ingenuamente, nossa adesão imediata e acrítica

a qualquer comportamento que tenha gerado tradição,

em nome da diversidade!

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Parece estragar-lhe o almoço quando revelamos o papel,

os sujeitos e as falácias do misticismo reacionário atual.

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Mas temos lado.

E abriremos aqui, cumulativamente, o mapa que tanto incomoda.

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A seita Father Daughter Purity Ball tem como objetivo unir pais e filhas (a partir de 4 anos) com o propósito de mantê-las sexualmente puras – o compromisso é firmado em uma festa de gala diante de seus convidados.

A cerimônia que firma o compromisso emocional e contratual entre pais e filhas também visa abençoar as filhas, que são consideradas “pequenas princesas”.

Em um baile de gala cheio de simbolismos, as filhas recebem os conhecidos “anéis de pureza” e assinam documentos. O pai é colocado como o guardião e protetor de suas filhas…

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Primeiro, um pouco de conceitos. Aplica-se a um movimento o termo…

  • Reacionário: quando quer retornar ao passado, repondo antigas instituições.
  • Conservador: quando quer manter as coisas como estão, mantendo as atuais instituições.
  • Progressista: quando quer manter a ordem das coisas, modernizando as instituições.
  • Revolucionário: quando quer mudar a ordem, construindo novas instituições.

 

Na década de 90, mais de 2,5 milhões de adolescentes fizeram juramentos públicos de abstinência sexual, só nos EUA.

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Pergunta:

Adoro vida livre. Tenho olhos brilhantes pro blog. Mas estou um tanto constrangida. Arranjei um gato a uns 4 meses. Tudo estava indo bem. Mas pouco tempo passou e acabou que ele andou me apresentando como “sua namorada”. Hoje está morando comigo e me explicando o que posso ou não fazer. Perdi minha possibilidade de andar livre, menos ainda de convidar amigos mais pessoais para minha casa. E sexo com outras pessoas (na prática) desapareceu do horizonte. Que será que deu errado… se nossa relação começou bem… informal?

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Resposta:

Há uma fragilidade própria do comportamento “líquido”, “fluido”, informal. É pouco razoável lutar contra formas super-estruturadas, milenares, dominantes, poderosas como o casamento monogâmico com uma liberdade informal, fluída, vaga.

Via de regra, os “alternativos” aparecendo de forma fluida não tem outro resultado senão se ajustar às formas sólidas (casamento monogâmico).

Daí não sermos uma genérica liberdade não monogâmica. Daí porque nos reivindicamos claramente “Relações Livres”. Correspondemos a um conteúdo nítido, com forma correspondente.

Quando aparecemos fluido e vago os outros seguidamente nem se dão conta de que somos RLi. Ou pior… se aproveitam disso (usando tanto da nossa informalidade quanto do poder da ordem monogâmica) para reconstruir aos poucos o aprisionamento monogâmico.

Este não é um assunto secundário.

Mesmo que hoje em crise generalizada, não menospreze a força integradora da ordem monogâmica dominante.

Quem não for claro e consciente estará sempre a encontrar desde sua forma líquida… com pessoas cheias de opinião ( + sentimentos, + estrututra psíquica, + relações sociais, + tradições sólidamente pré-constituídas…) demarcada e obssessivamente ciumentas, possessivas e alienadas.

Nestas condições… como assim, “ser informal”?

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Os Frágeis Alicerces da Monogamia

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Rafael Camargo Delerue (RJ) – 04/2004

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Segundo o dicionário Houaiss, monogamia significa: regime ou costume em que é imposto ao homem ou à mulher ter apenas um cônjuge, enquanto se mantiver vigente o seu casamento [ou qualquer tipo de relacionamento que envolva o desejo sexual].

O primeiro relato de monogamia que se tem na História remete ao antigo Egito, cerca de 900 a.C. Segundo os arqueólogos, naquela antiga civilização as uniões já eram instituições formais, como mostram diversas obras de arte daquele povo. Havia contratos de casamento, onde já eram estabelecidos os direitos da esposa em caso de divórcio ou viuvez. Segundo o professor de História Danilo José Figueiredo, “apesar de a monogamia ser a regra, o Faraó, e apenas ele, estava livre para se casar com quantas mulheres quisesse. Essas mulheres eram distribuídas em três categorias de importância: concubinas, Esposas Secundárias e a Grande Mulher do Rei. Qualquer mulher que o Faraó desejasse (…) poderia ser uma Concubina. Essas esposas terciárias habitavam o harém do Faraó e eram verdadeiras escravas sexuais do Semi-Deus. Estavam sempre bem limpas e cuidadas estando à disposição do Faraó para saciar seus impulsos sexuais”.

Na antiga Grécia predominava um machismo não muito diferente. Mulheres, crianças e escravos eram propriedade dos homens. A importância da mulher na sociedade grega era tão insignificante que nem mesmo em seu noivado – quase sempre contra sua vontade – ela podia comparecer. E logo após o casamento, os homens, no intuito de evitar o adultério de suas esposas, adquiriam cães ferozes e/ou eunucos (homens castrados que tinham como única função vigiar a esposa de seu patrão). Em Esparta, na mesma época, a poligamia era uma prática comum e socialmente aceitável, onde homens podiam ter várias mulheres ou até mesmo dividirem uma única.

No Império Romano o casamento funcionava apenas como um meio para manutenção da família. A idéia era de que à esposa cabia apenas a função de procriadora. Assim, o prazer erótico (ou o desfrute sensual) ficava reservado às amantes, transformadas em concubinas e aceitas pela sociedade. A palavra matrimonium era usada para definir o papel da mulher casada, ou seja, o de ser mãe. Em contraposição, patrimonium estabelecia o papel que cabia ao homem, que era o de gerir os bens.

Percebe-se que, ao contrário do que se possa pensar, a monogamia não foi fruto do amor individual. Na obra A ideologia alemã, Marxs e Engels afirmam que “os gregos proclamavam abertamente que os únicos objetivos da monogamia eram a preponderância do homem na família e a procriação de filhos que só pudessem ser seus para deles herdarem. Quanto ao mais, o casamento era para eles uma carga, um dever para com os deuses, o Estado e seus antepassados, dever que estavam obrigados a cumprir”. Os autores observam ainda que “a monogamia não aparece na história, portanto, como uma reconciliação entre o homem e a mulher e, menos ainda, como forma mais elevada de matrimônio. Pelo contrário, ela surge sob a forma de escravização de um sexo pelo outro, como proclamação de um conflito entre sexos”. (mais…)

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A relação das mulheres

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com o sexo sem amor

Regina Navarro Lins

Sandra, uma engenheira de 31 anos, chegou deprimida à sessão de terapia. Há muito tempo busca conhecer um homem com quem pudesse desenvolver uma relação estável e duradoura. O motivo da sua depressão foi mais uma frustração amorosa. “Semana passada fui a uma festa na casa de uma amiga. Lá conheci Paulo, amigo do marido dela. Ficamos juntos a noite toda. Houve abraços e beijos, mas eu me propus a resistir…só que não deu: dormimos num motel. Como ele não me ligou no sábado nem no domingo, fiquei arrasada. Eu tinha jurado pra mim mesma que não ia mais transar sem amor….depois fica esse horrível sentimento de vazio!”

Muitas mulheres, apesar das evidências em contrário, ainda se esforçam para se convencer de que sexo e amor têm que caminhar sempre juntos. Os homens nunca pensaram assim e jamais isso foi cobrado deles. Quando uma mulher diz que não consegue transar com um homem se não houver amor entre eles, na maioria das vezes ela está apenas repetindo o que lhe ensinaram, impossibilitada de perceber os seus próprios desejos. Não há motivo para o sexo não ser ótimo quando praticado por duas pessoas que sentem atração e desejo uma pela outra. No caso de Sandra a frustração e o vazio têm muito mais a ver com uma expectativa não satisfeita do que com o sexo em si. A questão é que, como o sexo não é visto como natural, costuma-se misturar as coisas e se busca algo mais do que prazer: continuidade da relação, namoro ou casamento. Mas isso não é à toa.
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O que é “Relações Livres”

Uma nova visão de Sexo, Prazer e Afetividade


Rede Relações Livres – RS

Inverno de 2009

 

Nossa antiga e pesada tradição de moral sexual repressiva
(que combina infantilismo sexual e romantismo) morreu.

Mas o cadáver é herdado como cultura moral ainda hoje
e de vez em quando é apresentado como espantalho pelas antigas e novas religiões.

Apesar disto, do ponto de vista intelectual,
a crítica da moral sexual tradicional é devastadora.
Não sobra pedra sobre pedra.

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Amor em dose dupla

Aquilo que buscamos pode estar em muitas pessoas

Regina Navarro Lins (psicanalista carioca)

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Márcia, uma universitária de 23 anos, morava há alguns meses com Guilherme, seu namorado.

Nas férias foi fazer um curso de dois meses em Londres, onde conheceu Fábio. Eles viveram uma intensa relação amorosa nesse período.

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Algumas semanas após seu retorno ainda se sentia confusa, com dificuldade para tomar qualquer decisão: “Amo os dois e não gostaria de ter que optar por um deles. São totalmente diferentes e me completam em aspectos também diferentes. Sexualmente, nem se fala. Cada um é de um jeito, mas adoro fazer sexo com eles. Todos os amigos, inclusive a minha terapeuta, dizem que quero me sabotar, que estou fugindo de uma relação afetiva profunda, que encontrei um jeito de não me ligar a ninguém. Mas sinto que não é nada disso, me sinto muito ligada aos dois. O pior é que o Fábio está voltando para o Brasil e não sei o que fazer”…”

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1. A ORGANIZAÇÃO SOCIAL

DA SEXUALIDADE

 

MEMORIA CRÍTICA (FREUD, REICH, MARCUSE)

Civilização, para Freud, significa a repressão crescente dos impulsos. A vida em sociedade subjuga o homem ao sofrimento, impedindo a livre manifestação de instintos agressivos. Supervalorizando a Psicologia e a Biologia, ele vê no processo civilizatório nada mais do que a luta entre Eros e Thanatos. Segundo Marcuse a teoria dos instintos em Freud encontra sua formulação final na relação dual que se estabelece entre o instinto da vida (Eros) — onde se compreenderiam inclusive os instintos de autopreservação e o de Morte (Thanatos), ou seja, uma compulsão à vida orgânica para recuperar um estado de inércia, que a entidade viva fora obrigada a abandonar sob pressão exterior. Os instintos vitais esforçam-se em contrariar e retardar “a descida para a morte”, em estabelecer “unidades cada vez maiores” de vida. A cultura realiza e ampara o organismo no mundo externo. Para se realizarem, os impulsos vitais necessitam ceder ao princípio de realidade. Qualquer satisfação necessita de trabalho, os impulsos eróticos passam por um processo de organização o que lhe tira o caráter de realização cega. Uma organização repressiva dos impulsos é inerente a toda e qualquer forma histórica de civilização. Nesse sentido, civilização é impulso organizado, dada a escassez vigente no mundo humano. Freud não deixa de se aproximar de uma concepção materialista de fundo liberal.

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